Projeto inédito no país é reconhecido pelo ganho operacional obtido com o aumento do calado do canal de acesso ao terminal portuário
O projeto pioneiro de corte subaquático de rocha com fio diamantado, implementado pelo Porto Sudeste e desenvolvido pela UMISAN Hidrografia e Engenharia, conquistou o Prêmio ATP de Inovação. A técnica, inédita no mundo, foi responsável por viabilizar o aumento do calado no canal de acesso ao Complexo Portuário da Baía de Sepetiba, ampliando a profundidade mínima de 19,5 para 20 metros.
Com a remoção de parte da rocha submersa, o calado operacional passou de 17,80m para 18,30m. A mudança trouxe ganhos diretos de eficiência para a navegação, permitindo que os navios sejam carregados, em sua maioria, na capacidade máxima, com mais segurança, menor tempo de manobra e redução de custos operacionais. Embora tenha arcado com todo o custo da obra, a profundidade no trecho beneficia não apenas o Porto Sudeste, mas todos os terminais que utilizam o canal da baía de Sepetiba.
“Um dos grandes desafios desse projeto inovador foi o processo de licenciamento. Foram necessárias diversas reuniões técnicas e um diálogo constante com a Autoridade Portuária, Autoridade Marítima e com Órgão Ambiental para garantir que todas as etapas fossem conduzidas com total segurança e respeito à normatização legal”, explica Ulisses Oliveira, diretor de assuntos corporativos e sustentabilidade.
A técnica foi classificada como atividade de baixo impacto e o licenciamento passa a adotar um rito simplificado pela autoridade ambiental, sendo este um legado que o Porto Sudeste deixa para futuras obras que utilizem esta tecnologia, transformando o Brasil em referência de sustentabilidade em derrocamentos.
Impacto logístico
O acréscimo de 50 centímetros no calado representa cerca de 6 mil toneladas adicionais por navio, volume equivalente ao carregamento de 240 caminhões. O primeiro a usufruir da nova infraestrutura aquaviária foi o navio graneleiro Golden Amreen, que em abril de 2023, deixou o terminal portuário com 18,30 m de calado.
O aumento também representou uma revolução em termos de capacidade de carga e eficiência logística, permitindo a entrada de navios da classe Wozmax, os maiores graneleiros, nas águas internas da baía de Sepetiba e no Porto Sudeste.
As operações com navios de grande porte (Wozmax), e outras embarcações em sua capacidade máxima (Newcastlemax), resultaram em um amento expressivo na movimentação, alcançando o maior volume mensal de minério de ferro embarcado da história do Porto Sudeste, com 3,3 milhões de toneladas (em agosto).
“O calado ampliou a nossa competitividade, reforçando nossa posição como um dos terminais mais modernos e eficientes do país. A nova infraestrutura do calado operacional proporcionou maior segurança e eficiência a navegação e eficiência à navegação” disse Guilherme Caiado, diretor de Operações.
Reconhecimento nacional e internacional
O projeto já tinha sido reconhecido internacionalmente pela segurança e eficiência, recebendo o prêmio na categoria “Safe, Efficient and Secure Port” do “International Harbour Masters Association Awards”, também foi premiado na categoria “Iniciativas Inovadoras do Prêmio ANTAQ. O Prêmio ATP de Inovação 2025 consolidou o sucesso do projeto após a comprovação dos ganhos operacionais obtidos, como aumento da produtividade, na redução de custos, na mitigação de riscos, melhoria da competitividade portuária.
Como funciona a técnica?
O processo é uma prática comum a seco em jazidas de rochas ornamentais, mas ainda não havia sido realizado de forma submersa em nenhum outro país com essa finalidade. A operação foi comandada de uma embarcação especializada, por meio de painéis de controle e mergulhadores. Nela, o fio diamantado instalado na máquina de corte submerso percorre a superfície de contato com a rocha, gerando atrito e executando o corte horizontal e vertical. Ao final, a rocha é içada até a superfície e posicionada no convés para ser transportada para uma área de despejo pré-definida conforme as normas ambientais. Cabe ressaltar que o órgão ambiental classificou a técnica como baixo impacto não necessitando mais de licenciamento e sim autorização ambiental simplificada.